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Flight Simulator 2002

Autores: Eduardo Quintanilha Merhi / Felipe Paraizo de Lima (staff@aerovirtual.com.br)
Data: 21/12/2001
Página: 2 de 3

FS2002
Beech Baron 58 - Anoitecendo (91kb)
Fs2002
Boeing 747 - Compartimento de carga aberto (59kb)
Fs2002
Boeing 777-300 - Pouso a noite (40kb)
Fs2002
Aeroporto de Meigs, em Chicago, ao final da tarde (74kb)
Fs2002
Cessna 182 - pouso em uma pista de terra (71kb)
Fs2002
Learjet - trilho de condensação (28kb)

Os efeitos de luz são um caso a parte. Além de efeitos do sol, como reflexos e claridade excessiva quando voando de frente para ele, o FS2002 apresenta um belíssimo show de luzes. Os estrobos funcionam como tal, e as luzes de navegação proporcionam uma beleza sem igual. Também as luzes de pouso e de táxi realmente iluminam a pista. Notamos também, em relação à iluminação em terra, que as luzes no geral foram enfraquecidas um pouco em relação ao FS2000.

A voabilidade (flight model) das aeronaves está muito semelhante ao Flight Simulator 2000, principalmente nas aeronaves que já existiam naquela versão, nas quais ainda continuam os mesmos problemas. O modelo de vôo dos jatos, por exemplo, ainda têm alguns FS2002vícios que persistem desde a versão 98, como a instabilidade quando no vôo em cruzeiro com o piloto automático. Alguns usuários também tem relatado problemas com o sistema de pouso por instrumentos - ILS; entretanto nos testes feitos pela AeroVirtual com diversos aviões em vários aeroportos não notamos nada de anormal nesse sistema. Mas também existem avanços. O modelo de vôo das aeronaves pequenas foi aprimorado, e o comportamento delas se aproxima bastante das correspondentes reais. Por exemplo, a tendência de entrar em parafuso para o lado oposto ao de uma curva iniciada, está exatamente como na "vida real", o que se explica pelo maior arrasto do aileron que desce. Ainda sobre o modelo de vôo, nesta versão a Microsoft melhorou os arquivos de configuração em geral das aeronaves, incluindo muito mais opções em que podemos trabalhar. Agora é possível fazer pousos de emergência "de barriga" sem dar crash, tanto na terra como na água (foto ao lado).

Os painéis do Flight Simulator 2002, apesar de cumprirem satisfatoriamente com seu objetivo, que é pilotar o avião, são a grande decepção. Exceto os painéis virtuais, dos quais iremos falar mais adiante, os painéis "normais" estão exatamente iguais aos do FS2000. Praticamente nada foi alterado, e em alguns casos eles foram piorados. No caso do Boeing 747, por exemplo, a taxa de atualização dos instrumentos (gauges) do painel está muito ruim, dando a impressão que o frame rate está baixo. Os valores digitais e analógicos ficam "gaguejando", sendo que a fluidez do vôo está perfeita. Isso atrapalha, principalmente em momentos críticos do vôo como o pouso ou a decolagem. A Microsoft também implementou uma novidade, que ora ajuda, ora atrapalha. Agora, quando você passa o mouse por qualquer gauge do painel, além daquela caixa de ajuda com a descrição do instrumento, ela mostrará também o valor do instrumento naquele instante. Ou seja, se você passa o mouse sobre o marcador de temperatura, por exemplo, este mostrará digitalmente o valor da temperatura. Esta novidade é bastante útil principalmente para quem roda o FS2002 em resoluções menores que 1.024 x 768 pixels, situação na qual a visualização dos valores do painel fica prejudicada. Mas isso às vezes atrapalha, como é o caso de quando de deseja ajustar os valores do piloto automático. Com certeza esta novidade veio a contribuir, mas a Microsoft pelo menos poderia ter incluído a opção de desativá-la.

Outra novidade nos painéis está na seção de rádios. Agora, assim como nos aviões reais, para alterar a frequência do NAV1 e NAV2, é necessário primeiro colocá-la em standby (espera), e depois alterná-la com o botão <-> (uma seta para os dois lados, no meio das frequências). Mais uma novidade nos painéis foi a inclusão de mais alguns botões de acesso rápido, ao lado dos já existentes (GPS, rádios, throttle...). Agora é possível ir diretamente clicando com o mouse para o mapa, a janela de ATC e o Kneeboard (prancheta - checklists, informações da aeronave e anotações). Ainda em relação aos painéis, uma coisa que melhorou muito foi a iluminação de cabine. Aquela luz vermelha totalmente "falsa" das versões anteriores deu lugar a uma luz avermelhada, muito mais suave, que acredito ser mais parecido com as cabines dos aviões de verdade.

FS2002

Um dos grandes baratos do FS2002, como já era anunciado nos primeiros previews, são os cockpits virtuais. Trata-se de painéis em 3D que representam a cabine da aeronave tal como ela é. Nas versões anteriores do Flight Simulator já tínhamos algo parecido, só que as cabines virtuais eram simplesmente desenhadas, e por isso eram estáticas. A novidade do FS2002 é que os instrumentos das cabines virtuais são reais, ou seja, correspondem ao comportamento do vôo (com movimento do manche, inclusive). Assim, é perfeitamente possível voar utilizando estes cockpits, controlando altitude, direção, velocidade, climb e todas as outras variáveis do vôo. O vôo com o Extra 300, por exemplo, ficou muito mais fácil e emocionante com as cabines virtuais (foto ao lado). É bom lembrar dois pontos: alguns aviões obtidos via download e mesmo alguns originais, como é o caso do Learjet e do Schweizer, não possuem cabines virtuais. Outra coisa a se observar é que os instrumentos desses cockpits virtuais são operacionais, mas não é possível interagir com eles (não é possível acender luzes, ligar o piloto automático, ajustar o altímetro, etc, utilizando o mouse). Nesse caso é preciso usar o teclado (quando isso é possível), ou alternar para o painel normal, utilizando as teclas CRTL+S.

Em relação aos sons, no geral a melhora foi significativa. Apesar dos sons nos jatos ainda estarem com alguns exageros, assim como nas versões anteriores, nos aviões a pistão eles foram mais bem trabalhados, e dão um toque a mais de realismo.

FS2002
Cessna Caravan - Painel com detalhe (88kb)
FS2002
Cessna Caravan - painel virtual (70kb)
FS2002
Boeing 737-400 - Painel virtual (99kb)
FS2002
Boeing 777-300 - detalhes visuais noturnos (34kb)
FS2002
Cessna 172 - painel virtual (70kb)
 
FS2002
Cessna Caravan - Painel virtual (grand canyon) (120kb)


ATC - AIR TRAFFIC CONTROL

O sistema de tráfego aéreo do Flight Simulator 2002 é uma das grandes inovações do produto da Microsoft, sendo bastante convincente, principalmente se levarmos em conta o fato de que ele era inexistente nas versões anteriores. Tanto o controle de tráfego como o tráfego de outras aeronaves em si dá uma emoção muito maior ao vôo, tornando-o menos solitário.

É possível voar, tanto em condições VFR (visuais) como em IFR (instrumentos) sob um órgão de controle de tráfego no FS2002. No caso do vôo VFR, basta que você inicie um vôo qualquer, entre em contato com a torre do aeroporto avisando que irá decolar, e pronto. Durante o vôo você precisará manter contato com a torre somente para que ela possa te avisar ou desviar de outras aeronaves que estejam voando na mesma área. Também é possível fazer um vôo VFR, tendo preenchido um plano de vôo (flight planner) anteriormente (maiores informações à frente).

Para se comunicar e interagir com o ATC, é preciso ter um mínimo de conhecimento com a fraseologia padrão da aviação, assim como ter conhecimento dos padrões do vôo (altitudes e níveis de transição, órbitas, interceptação de radiais, ajuste de altímetro, níveis de vôo, alfabeto fonético, etc). O manual ATC.PDF, já comentado no início desta reportagem, leva até o usuário informações detalhadas sobre tudo isso, e para os usuários iniciantes é leitura obrigatória!

A comunicação piloto-controlador é toda feita utilizando-se os números do teclado principal. Após cada mensagem direcionada a sua aeronave, o piloto terá algumas opções de resposta, cada qual correspondente a um número no teclado. Basta escolher a opção que seja a resposta ou a comunicação pertinente ao momento do vôo. Toda a comunicação é feita em inglês, falada e com texto na tela (tem-se a opção de configurar somente um ou outro). Apesar de ser em inglês, não existe a menor complicação para "conversar" com a torre, principalmente para quem já estiver familiarizado com o vôo pela internet (squawkbox). Para quem não tem costume, volto a insistir para ler os manuais que acompanham o Flight Simulator...

Planejando um vôo IFR

Para o piloto ter completa interação com o controle aéreo em um vôo IFR (por instrumentos), é preciso antes de iniciá-lo preencher um plano de vôo (PV). Para isso, no Flight Simulator o usuário lançará mão do flight planner (planejador de vôo). Este acessório já existia no FS2000, mas agora ele ganha uma importância maior, exatamente pelo fato de ser imprescindível fazer e salvar o PV para ter uma vetoração radar (controle virtual).

FS2002

Ao abrir o Flight Planner, que está localizado no menu Flight, a primeira tela é onde o piloto definirá qual o aeroporto de origem e destino, qual será o tipo de vôo (VFR ou IFR) e o tipo de rota (Direto via GPS; Aerovias inferiores; aerovias superiores; VOR em VOR). Após preencher os dados corretamente, basta clicar em find route (procura rota) que o planejador de vôo irá localizar a rota mais apropriada para aquele vôo. No Brasil, apesar do banco de dados do Flight Simulator possuir todas as aerovias (superiores e inferiores), a maioria das rotas somente serão localizadas no sistema "VOR to VOR" ou "Direct - GPS". Apesar dessa limitação, o flight planner permite que o próprio usuário inclua novos waypoints (pontos de checagem, que podem ser um VOR, NDB, Aeroporto ou fixo) na rota, a fim de torná-la mais parecida com uma aerovia, por exemplo. Também é necessário determinar qual a altitude será usada durante todo o vôo. Ao ter o plano de vôo concluído, o programa pedirá para gravá-lo, e pronto, te levará diretamente para o aeroporto escolhido como ponto de partida. Ai, basta você entrar em contato com a torre para liberação, e seguir as instruções do ATC até o seu destino.

Alguns pontos que merecem destaque positivo no ATC: todas as aeronaves do tráfego dinâmico são texturizadas, e possuem os mesmos efeitos das aeronaves voáveis (tais como luzes, fumaça ao tocar o solo, partes móveis, etc). Para usuários inexperientes, o ATC do FS2002 é um excelente treinamento para um próximo passo no vôo virtual, que seria o vôo controlado via internet (squawkbox). As aeronaves do tráfego dinâmico tem boa inteligência artificial, e principalmente nos Estados Unidos, são de variados tipos (desde Cessnas 172 até Boeings 747). As opções de configuração do ATC são poucas, mas suficientes. É possível alterar a voz usada pelo piloto (pode-se inclusive colocar uma voz feminina), quantidade (em porcentagem) e tipo de tráfego, mostrar ou não as etiquetas (labels) nos outros aviões, entre outras. Além da voz, se o piloto alterar o prefixo da Aeronave, esta alteração será respeitada no ATC. Assim, quando incluí no meu Beech Baron o prefixo PTFPL, o controle sempre que mandava uma mensagem pra mim se referia como "FOXTROT-PAPA-LIMA". Uma outra característica que também é muito útil é o Táxi Progressivo (Progressive taxi). Caso o piloto escolha decolar ou pousar em um aeroporto que ele não conhece, o ATC proporciona setas vermelhas no chão indicando o caminho até a pista de decolagem ou até o pátio de estacionamento. Este é um recurso já existente em outros simuladores, como o Fly! II, da Terminal Reality.

Como fatores negativos no ATC do FS2002, podemos citar: posição inicial de vôo já na pista em uso. Esta é, sem dúvida, uma falha imperdoável da Microsoft. Pode parecer besteira, mas devia existir a opção de iniciar os vôos no pátio de estacionamento do aeroporto, e não sempre na pista. Mesmo após preencher o plano para um vôo IFR, ao clicar em "OK", o programa coloca o avião bem no meio da pista. Imagine se tiver um avião pousando naquela hora! O mais conveniente é que, utilizando a opção de SLEW ("Y"), o usuário mova o avião até o pátio, e só então chame o controle de partida (departure) solicitando autorização de saída. Além disso, o ATC também possui alguns outros problemas crônicos. Durante a bateria de testes e vôos que realizamos, algumas coisas curiosas aconteceram. Por exemplo, decolando de Meigs Field, em Chicago, o controle de solo me autorizou taxiar para a pista 18 (os ventos eram calmos). Quando eu estava no ponto de espera, percebi um Cessna Caravan pousando na pista oposta, a 36. Logo após ele, pousaram mais umas duas aeronaves, e eu fiquei esperando autorização por mais de 10 minutos. Achei até que o controle havia esquecido de mim! Em outra ocasião, havia pousado no Aeroporto de Indianápolis com o Beech Baron, e quando estava taxiando ainda na pista, passou um Boeing 737 sobre a minha cabeça! O mais interessante que eu não ouvia a outra aeronave na frequência da torre. Será que é tão real assim que até erros de pilotos estão representados? Um outro problema acontece nos vôos chegando no Rio de Janeiro. Saindo de Vitória, por exemplo, após a decolagem o controle manda chamar o Centro Brasília. Até ai, tudo bem. Só que, na altura de Campos (RJ), o Centro Brasília manda chamar o Centro Curitiba, que não tem nada a ver com a história. Parece que a área de atuação do Centro Curitiba foi mal dimensionada. Aliás, uma outra coisa que acontece muito é o controle ficar mandando trocar de frequência várias vezes (tipo "Chame o Centro Brasília". Logo depois "Chame o Centro Curitiba". E depois: "Chame o Centro Brasília")... Também como falha identificamos o fato de que não é possível alterar a altitude de cruzeiro durante o vôo. Por exemplo, se você escolher o nível 330 como nível de cruzeiro, mas se nesta altitude encontrar muita turbulência, não tem como solicitar ao controle a subida ou descida para outros níveis. Se você subir por conta própria, o controle manda descer de novo. Caso o piloto não obedeça, ele cancela a vetoração radar... Uma coisa que também incomodou bastante foi o fato do tráfego aéreo nos Aeroportos do Brasil ser composto, em sua maioria, somente por Cessnas. Acho que a Microsoft acha que por ainda não existem aviões maiores!

FS2002
Painel do Cessna Caravan com a janela do ATC aberta (115kb)
Fs2002
Boeing 737 - pousando no Galeão (108kb)
Fs2002
Boeing 747 - Linhas do táxi progressivo - siga-me (77kb)
FS2002
Qual dos dois é o tráfego dinâmico? (56kb)
FS2002
Tráfego de 4 aeronaves, próximo a Indianápolis - USA (26kb)
FS2002
B747 taxiando, com outras aeronaves dinâmicas (63kb)


METEOROLOGIA

A parte de meteorologia é a que menos se alterou em relação ao Flight Simulator 2000. O sistema de configuração das nuvens, ventos, visibilidade, temperatura, entre outros, está exatamente igual à versão anterior. A Microsoft também manteve inalterada a opção de obter via internet as condições atualizadas do tempo. O que mudou um pouco foi a parte gráfica destes efeitos meteorológicos.

As nuvens foram mais bem trabalhadas, mais consideramos que ainda estão muito longe da qualidade já alcançada por outros simuladores, como o Fly!, da Terminal Reality. No Flight Simulator 2002, de longe as nuvens são belíssimas e com efeitos sensacionais, principalmente conjugadas com a iluminação (sol/lua). Mas ao voar mais perto delas, vê-se os mesmos problemas das versões anteriores. As texturas se tornam "quadradas", e a transição da imagem ao entrar em alguma delas não é gradual. De repente fica tudo branco e logo depois limpa tudo de novo. A impressão que temos é que as nuvens do Flight Simulator são texturas "chapadas" em 2D, e somente de longe se tem a impressão verdadeiramente de nuvens. Mas de um modo geral, a melhora foi considerável. Os raios e trovões também estão mais reais, principalmente pelo efeito de iluminação dos raios na fuselagem do avião.

Em relação ao vento, houveram mudanças mais significativas. Agora os efeitos dele são mais perceptíveis. Por exemplo, a biruta dos aeroportos se move dependendo da direção e velocidade do vento, assim como as nuvens são levadas por ele. Também foi melhorado o comportamento do vôo nos aviões dependendo do tempo, tornando-os mais reais.

Como já foi comentado nesta reportagem, os efeitos de luz estão muito mais perfeitos no Flight Simulator 2002. Os reflexos do sol na água (tanto do mar como nos rios e lagos), as sombras dos aviões, prédios e árvores, a claridade da lua são características muito mais aprimoradas, que proporcionam momentos de beleza e emoção nos vôos com o simulador.

FS2002
Beech Baron - painel virtual com efeito do sol (52kb)
Fs2002
Cessna Caravan - sob forte neve no Alaska (43kb)
FS2002
Nuvens (20kb)