O Grand Caravan sempre me chamou a atenção pela sua característica robusta e versátil, desde quando a Itapemirim (depois TAM) usava aeronaves desse modelo em vôos do interior aqui do Espírito Santo para o Rio de Janeiro e São Paulo. Quando vi este modelo da FedEx ser lançado para o Flight Simulator 2000, resolvi então que já era hora de um ensaio para comprovar no Flight Simulator o que muitos pilotos e aficionados dizem em relação ao avião "real": o Cessna Caravan é uma das melhores aeronaves de sua categoria, resultado de um perfeito conjunto de características.
         Este modelo para o Flight Simulator foi desenvolvido por Graham P. Oxtoby utilizando o software Abacus FSDS (Flight Simulator Design Studio), e possui todas as suas partes móveis (leme; flaps; ailerons). Obviamente que o trem de pouso não é móvel, pois a aeronave possui trem fixo. Entretanto, a roda da bequilha também possui movimento. A pintura da aeronave também foi feita por Graham, e tem alta qualidade gráfica, o que já é conhecido deste autor. Um dado interessante é que estão disponíveis no "pacote" as texturas originais .BMP que podem ser repintadas, com autorização do autor, é claro. Este Caravan também possui suas janelas transparentes, mas não possui efeitos de iluminação noturna.
         A instalação desse modelo é muito simples. Após o download do arquivo zipado, que tem 2MB, basta descompactá-lo diretamente para uma pasta abaixo do diretório /AIRCRAFT/ do seu FS2000. No meu caso, criei uma pasta /AIRCRAFT/C208FEDEX/ e joguei todos os arquivos para ela.
         Acompanha este Caravan um painel muito simples (eu não gostei!) e os sons usados originalmente são os default do Cessna do FS2000. O leitor poderá encontrar bons sons para esta aeronave em www.flightsim.com.
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         Avião instalado, tudo certo, era hora de definir onde seria o vôo. Como eu havia acabado de ganhar de um grande amigo algumas cartas do Canadá, resolvi então escolher dois pontos nesse país e efetuar um vôo de aproximadamente 200 milhas. Aproveitaria para conhecer mais esta região, já que eu nunca havia voado ai com o Flight Simulator 2000. O local de saída escolhido foi a cidade de Schefferville (CYKL), na província de Quebec, num vôo direto para Kuujjuaq (CYVP), no extremo norte da província. Uma região com clima muito característico: frio e gelo. Seria um bom teste para a performance do Caravan. Os cenários usados foram todos originais do FS2000.
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         No pátio de CYKL, apronto o Cessna para a saída. Eram 04 horas e 40 minutos local (08:40 ZULU). Iria primeiro efetuar um vôo direto para Kuujjuaq, e depois efetuar nova decolagem para alguns testes específicos com a aeronave. O tempo em Schefferville era razoável, com nuvens esparsas a 4500 pés e overscast a 5500 pés, ventos de 15 nós a 320 graus, visibilidade de 10 milhas e ajuste de altímetro em 30.03 polegadas de mercúrio. A temperatura ambiente que não era nada agradável: os termômetros indicavam 6 graus Celsius, e com orvalho a zero graus.
 
  
         Ajusto combustível em 100%. Noto aqui uma grande diferença em relação às especificações do avião real. Segundo o manual da aeronave, os tanques do Caravan transportam 332 galões de combustível. No Flight Simulator, a capacidade dos tanques é de apenas 92 galões. Entretanto, como se observará a seguir, constatei que a autonomia de vôo e o alcance serão praticamente os mesmos entre a aeronave real e a virtual.
         Luzes externas e extrobos ligados, e preparo para acionamento do motor e posterior taxi. Como o vento está a 320 com 15 nós, usarei a pista 36 para a decolagem. O aeroporto só possui uma taxiway até o centro da pista, onde efetuo a curva a direita para ingresso. Ao final, backtrack para alinhamento na 36. Estava pronto para a decolagem.
         São 04:53, aplico potência máxima e libero os freios logo em seguida. Com 10 graus de flaps usados, a aeronave usou aproximadamente um quarto da pista para a decolagem. Algo em torno de 400 metros. Essa distância exata ainda será verificada em testes posteriores. Deixamos o solo com 68 nós de velocidade indicada.
         Mantenho proa da pista até cruzar 2200 pés, quando efetuo leve curva a direita até interceptar a radial 013 do VOR Schefferville [YKL] 112.70, que é a que marca a aerovia J561, direto para Juujjuaq, 205 milhas a frente.
         Noto que a aeronave se apresenta com um pouco de dificuldade na subida. De acordo com as especificações do Caravan real, a razão de subida "normal" seria 925 pés por minuto (fpm). Entretanto, mantendo 700 fpm no Flight Simulator ele já se apresenta bastante lento. Talvez seja pelo fato de estarmos com os tanques cheios, além da temperatura bastante baixa.
 
  
         Alguns minutos antes de alcançar o nível 100 (10.000 pés), o sol já começa a apontar no horizonte. A vantagem do Flight Simulator 2000 é que pela sua grande quantidade de cenários, podemos voar em locais totalmente estranhos, e automaticamente ficamos conhecendo mais estas regiões. Nem que seja só virtualmente... Estabilizo a aeronave no FL100, com 89% de potência. Muito lentamente, o Caravan vai aumentando sua velocidade que estabiliza em 140 nós de indicada (165 em relação ao solo, de acordo com o GPS). Ligo o piloto automático, que se apresenta sem problemas, mantendo tanto a altitude como a direção perfeitamente estabilizados.
         Aproveito e observo os detalhes visuais do avião. É realmente um bom trabalho para o Flight Simulator 2000, apesar de ainda não ser perfeito. Este modelo cargo foi adaptado do modelo de passageiros, e por isso apresenta algumas diferenças em relação ao original, principalmente na pintura (o avião possui janelas de passageiros, por exemplo). Outra coisa que notei neste modelo foi que ao acionar o comando de trem de pouso, as rodas (somente as rodas) do avião se movem, ficando um pouco acima, como se "meio" recolhidas. Entretanto, o lançamento de uma nova versão após a conclusão desta reportagem, corrige todos estes problemas. Mais detalhes sobre a atualização mais a frente...
 
  
         Às 06 horas e 13 minutos, já tenho contato com o VOR Kujack [YVP] 112.50, exatamente na mesma direção que estou mantendo. O sol já está totalmente "a postos", e o METAR de Kuujjuaq indica tempo um pouco melhor na localidade. Nuvens esparsas a 4700 pés, visibilidade de 20 milhas, temperatura de 9 graus Celsius (orvalho a 2 graus) e ajuste de altímetro 30.02. Os ventos em CYVP são de 208 graus com 11 nós, e rajadas de até 17 nós.
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         O aeroporto de Kuujjuaq possui duas pistas: a 13/31, com 1640 metros (de cascalho) e a 07/25, com 1820 metros (asfalto). A carta de aeródromo tem uma informação bastante curiosa: "CAUTION: Large animals in vicinity of airport" (CUIDADO: Grandes animais nas vizinhanças do aeroporto). Uma pena o Flight Simulator não ser tão real... :-)
 Devido aos ventos, irei efetuar o pouso na pista 25. Usarei o procedimento de aproximação ILS para a pista 07, circulando para o pouso na cabeceira oposta (veja seção da carta ao lado).
 
 
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         Às 06:55h local, intercepto o localizador da pista 07, e quando visual, curvo a esquerda para a perna do vento, descendo para 1000 pés. 5 minutos depois, já estou girando a base para um pouco suave na pista 25, apesar dos ventos estarem bastante fortes. O avião se comporta muito bem em condições adversas.
         Após o backtrack no meio da pista, me direciono para o pátio usando a taxiway BRAVO. No pátio, corte dos motores efetuado é hora de alguns cálculos sobre a aeronave. No vôo, desde o acionamento até o corte, foram gastos 24 galões de combustível. Conclui-se que os valores aproximados de autonomia, 07h30min, e alcance, 800NM, obtidos no Flight Simulator se assemelham aos valores da aeronave real.
         Irei agora efetuar uma decolagem, para os testes de distância de decolagem e pouso, velocidade de stall, velocidade de decolagem e pouso, comportamento do piloto automático. Com 100% de combustível, anoto 371 metros de pista utilizada na decolagem, em contraste com os 367 metros indicados no manual. No pouso (30% combustível), foram utilizados 351 metros de pista (o manual indica mínimo de 227 metros, em condições perfeitas). Portanto, os valores são bastante semelhantes. Quanto às velocidades de stall, com a aeronave "limpa" (flaps em zero graus), anotei o valor de 45 nós. Com a aeronave "suja" (flaps todos estendidos), a velocidade de stall encontrada foi de 40 nós. De acordo com a velocidade de stall, calculo uma velocidade ideal de aproximação de 62 nós. Quanto ao piloto automático, efetuei vários testes com ele ligado em subida e descida, com curvas para a direita e esquerda, e sempre o PA se comportou satisfatoriamente bem, sem tendência de oscilações mesmo com vento.
         Portanto, o Cessna 208B Grand Caravan testado se apresentou, salvo alguns pequenos problemas citados, bastante bem. Segue-se ao final o link para download da aeronave, e se você gosta de aviões para vôos curtos, este é uma bela sugestão. Lembrando que este ensaio foi feito com a primeira versão deste Cessna. No dia 18 de setembro, alguns dias após a conclusão da matéria, foi lançada uma atualização que adequa a pintura à da aeronave cargo real (veja fotos), corrige alguns bugs e aprimora pequenos detalhes do modelo visual, tornando o avião ainda melhor. Abaixo disponibilizamos o download das duas versões...
| Diferenças entre a versão ensaiada e a nova versão | 
|  Versão ensaiada |  |  Versão atualizada | 
 
         É bom lembrar que eu ainda estou aprendendo, e caso deseje fazer algum comentário, correção ou sugestão, não hesite em escrever: paraizo@aerovirtual.com.br.
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|  |  | Detalhes do Cessna Caravan. Acima a esquerda detalhes da pintura lateral e traseira. Acima à direita, destaca-se o trem de pouso, o bagageiro (inferior) e a hélice. Ao lado, o FedEx C208B realizando um stall. Abaixo, duas fotos reais da aeronave. | 
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