Reviews

Flight Simulator 2002

Autores: Eduardo Quintanilha Merhi / Felipe Paraizo de Lima (staff@aerovirtual.com.br)
Data: 21/12/2001
Página: 3 de 3

CENÁRIOS

A base dos cenários do FS2002 é a mesma da versão 2000. Segundo a Microsoft, são cerca de 21 mil aeroportos em todo o mundo, baseado em informações do banco de dados da Jeppesen (Jeppesen NavData). Estão representados no FS2002 desde pequenas pistas rurais até os grandes aeroportos internacionais. Aliás, alguns aeroportos estão realmente caprichados. Feito com base em fotos de satélites, aeroportos como os de Chicago, Hong Kong, Sidney, Londres, entre outros ao redor do mundo tem uma qualidade gráfica e de texturas espetacular.

Apesar de usar a base de dados do Flight Simulator 2000, os cenários da nova versão do simulador da Microsoft melhoraram muito! O terrain mesh (complexidade do relevo) foi melhorada, e agora, as montanhas mais importantes são visíveis e podem interferir no vôo. Além disso, o relevo das cidades foi melhorado. É possível observar facilmente estradas subindo morros, depressões e picos próximos aos aeroportos, "barrancos" íngremes... O relevo das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, estão dezenas de vezes mais reais do que nas versões anteriores, apesar de ainda não estarem perfeitos (o Pão-de-Açúcar, por exemplo, é preciso ter uma certa boa vontade para vê-lo como o "verdadeiro" Pão-de-Açúcar).

Compare as fotos do Rio de Janeiro no Flight Simulator 2000 e 2002!
FS2000
Rio de Janeiro no Flight Simulator 2000
FS2002
Rio de Janeiro no Flight Simulator 2002

Além do relevo, todo o litoral está muito melhor, principalmente em relação aos efeitos de ondas. As cidades de um modo geral também estão mais "vivas". Em conjunto com o tráfego dinâmico, o recurso de autogen (auto-geração), que a Microsoft usou pela primeira vez no FS2002, inclui casas, prédios e árvores aleatoriamente ao redor do aeroporto, diminuindo aquela sensação de "cadê a cidade?" que às vezes podíamos ficar no FS2000.

Mas como nem tudo são "flores", o recurso de autogen é inexistente em algumas regiões. A impressão que tivemos foi que a Microsoft trabalhou nos cenários das cidades, não por importância ou quantidade de habitantes; e sim por posição geográfica. Assim, no Brasil nota-se claramente que as capitais do Sul, Sudeste e Centro-Oeste estão mais detalhadas do que as do Norte e Nordeste. Cidades como Palmas (Tocantins), Maceió (Alagoas) e Macapá (Amapá) estão representadas somente pela pista do aeroporto; nada mais (às vezes tem a pista de táxi; outras vezes nem isso!).

Alguns detalhes curiosos podem ser notados nos cenários do Flight Simulator 2002. Além destes que vamos citar, existem vários outros que o leitor poderá ir descobrindo à medida que for voando no simulador. Uma boa dica para descobrir estes "ovos de páscoa", é utilizar as próprias situações default que acompanham o simulador.

* Las Vegas - o cenário da cidade americana é um show. Os hotéis, cassinos, restaurantes e teatros dão um belíssimo espetáculo de luzes e cores, principalmente em um vôo noturno. Experimente colocar o relógio do simulador em 31/12/2001, às 23:55... Decole do aeroporto da cidade, e voe em direção a uma grande torre no final da avenida principal. Quando passar da meia-noite, fique atento para o que vai acontecer...

* Rios - pouse e decole do Rio Amazonas com o Cessna Caravan Anfíbio. Visite as Cataratas do Niágara. Siga o Rio São Francisco até a barragem de Sobradinho. Aqui vale uma observação: as barragens dos Rios brasileiros são "invisíveis". Por exemplo, é possível ver o lago de Itaipu, mas a barragem propriamente dita não foi incluída no cenário.

* Grand Canyon e Alpes Europeus - os Alpes Suíços e o Grand Canyon, nos Estados Unidos, também são um caso a parte. Muito bem desenvolvidos, esses gigantes geográficos podem dar ao piloto virtual sensações incríveis durante os seus vôos.

* Monumentos - além dos naturais, a Microsoft também não esqueceu dos monumentos construídos pelo homem. No Egito, pode-se "visitar" as Pirâmides e a Esfinge; em Nova Iorque é possível sobrevoar a Estátua da Liberdade (na versão final do FS2002, os prédios do World Trade Center foram retirados); também é possível voar sobre a Muralha da China, Torre Eifel, entre vários outros pontos importantes pelo mundo.

* Pontos curiosos - voamos no Afeganistão! Esta é a vantagem dos simuladores de vôo civis... Pode estar em qualquer lugar do mundo, sem correr o menor risco. Decolamos de Kandahar e fizemos um pequeno tour pelo território Afegão, em um Cessna Caravan... Sorte não encontrarmos nenhum B-52 pelo caminho!!

FS2002
Alaska - EUA (56kb)
FS2002
Alpes Suíços (75kb)
FS2002
Princess Juliana, Caribe (91kb)
FS2002
Cataratas do Niágara - EUA/Canadá (93kb)
FS2002
Cessna 182 na divisa EUA/Canadá (131kb)
FS2002
Hong Kong (55kb)
 
FS2002
Las Vegas - EUA (100kb)
FS2002
Las Vegas - EUA (79kb)
FS2002
Belo Horizonte - Brasil (105kb)
FS2002
Grand Canyon - EUA (120kb)
FS2002
Ilha na Papua Nova Guiné (50kb)
FS2002
Lago de Itaipu... (52kb)


MULTIPLAYER

O multiplayer do FS2002 é igual ao da versão 2000. Você pode voar com várias pessoas através de uma conexão de rede (IPX, LAN, Internet...), bastando que umas delas abra uma sessão como host (hospedeiro), e as outras a acessem. Também é possível voar através do Game.Zone, da Microsoft. No FS2002 (somente versão PROFESSIONAL) a Microsoft também incluiu um módulo Instrutor de vôo (Flight Instructor), onde é possível criar através da rede uma estação de instrução, onde um computador se comporta como instrutor e outro como aluno. Assim, o instrutor poderá alterar as condições de vôo do aluno, tais como meteorologia, panes na aeronave, entre outras, além de monitoras as atitudes do "estudante". Achamos esta novidade muito bem vinda. Testamos em uma rede "ponto-a-ponto", e o Instrutor de vôo funcionou muito bem.

PEQUENOS PROBLEMAS

Assim como no FS2000, o FS2002 já saiu com alguns problemas (bugs). Nada tão sério como a versão anterior (o FS2000 original não tem sombras, por exemplo!!), mas FS2002algumas coisas simples que incomodam e que fazem diferença, mesmo que somente no âmbito visual. Uma delas é a possibilidade de se abrir a porta da aeronave em vôo. Experimente! Voando com o Boeing 747 a 35.000 pés, por exemplo, aperte SHIFT+E. Na visão externa, você vai observar a porta de abrindo. E obviamente isso não é possível em um avião real... Outra falha quase imperceptível é em relação à marca dos pneus na pista. Em aviões menores e com pneus mais finos, como o Learjet e o King Air, a marca deixada na pista é a mesma dos grandes jatos. Como já foi comentado na parte de painéis, outra falha, esta mais considerável, é em relação à taxa de atualização do painel do Boeing 747. Ainda em relação às características dos aviões, em alguns deles que já existiam no FS2000, exceto o King Air, elas são as mesmas, com as mesmas limitações (rodas que não rodam, falta de painel virtual, portas não abrem, etc). Uma outra coisa que chama a atenção é nos pousos de emergência em terra, sem trem de pouso (pouso "de barriga"). Frequentemente nessas situações coisas estranhas acontecem, como podemos observar na foto ao lado.

Nos painéis do Boeing 777 e do Learjet 45 também notamos um erro ao alterar as configurações. Quanto setamos as unidades do simulador para o sistema métrico, o climb (indicador de velocidade vertical) destes aviões passa a também dar a indicação de metros com o fundo de escala em pés, dando uma indicação errada.

Ainda em relação às falhas do FS2002, um "problema" no piloto automático (PA) também incomoda muito o usuário, principalmente àquele que estava acostumado com as versões anteriores. Na verdade não se trata de uma falha propriamente dita, já que a Microsoft aparentemente quis aproximar o funcionamento do PA com o dos aviões reais. Mas ela se esqueceu das próprias limitações dos painéis do Flight Simulator. O fato é que sempre que o usuário liga o piloto automático, ele imediatamente aciona o modo LVL (leveller) travando os controles direcionais. Assim, fica impossível fazer curvas com o avião, utilizando o joystick (ou teclado), com o piloto automático ligado ao mesmo tempo (no caso, por exemplo, do piloto querer manter a altitude ou o autothrottle travados, fazendo as curvas "na mão"). É preciso ligar o modo HDG (automaticamente o LVL irá de desligar), e curvar o avião usando o piloto automático. Mas existe uma forma fácil de resolver isso. Usando o bloco de notas (notepad), basta editar o arquivo AIRCRAFT.CFG da aeronave com problema, incluindo na última linha do campo [autopilot] o comando: use_no_default_bank=1. Pronto, a ativação automática do LVL naquele avião estará desligada. Mas para facilitar o serviço de todos os "simuleteiros", Lionel Rockman já lançou um arquivo com os aircraft.cfg de todos os aviões originais do FS2002 corrigidos. Basta descompactá-lo para o diretório onde está instalado o seu simulador. Para fazer o download, clique diretamente aqui aqui (72kb).

PERFORMANCE

Bom, esta é uma parte que os usuários com certeza prestam bastante a atenção. Muitos ficam curiosos em saber se o FS2002 vai rodar bem em seus computadores, ou se será necessário fazer um upgrade. Podemos adiantar que o Flight Simulator 2002 é um programa "pesado". Segundo as especificações da Microsoft, o hardware mínimo para rodar o simulador é um Pentium II 300Mhz com 64MB de memória RAM. Até acreditamos que consiga voar numa máquina dessas, mas terá que colocar todas as opções de configuração gráfica no mínimo. Particularmente o FS2002 foi testado pela AeroVirtual em um micro Athlon 1.2Mhz, 256MB de memória RAM e placa de vídeo GeForce 2 MX200 32MB. Em resolução 1.024 X 768 (32bits), para voar satisfatoriamente, foi preciso reduzir um pouco a qualidade gráfica e das nuvens, para obter frame rates - taxas de quadros por segundo - aceitáveis (entre 10 e 20). Em resolução 800 X 600 (32bits), colocamos todas as opções de gráficos no máximo, e foi possível voar tranquilamente, até mesmo em áreas mais densamente detalhadas, como as grandes cidades. Nesse caso, o frame rate nunca baixou de 15, ficando em média na casa dos 30.

Entre os vários sistemas existentes, acreditamos que o que vai fazer diferença mesmo é a placa de vídeo. Apesar da Microsoft recomendar uma placa de 8MB, é muito difícil obter boa performance com menos de 16 ou até mesmo 32MB. Computadores mais lentos, como um Pentium III 500, por exemplo, pode apresentar excelentes frame rates desde que tenha uma boa placa de vídeo. No caso, memória RAM também fará diferença. Tendo em vista o fato de as memórias atualmente serem o componente mais barato do computador, aqueles que tem 64 ou 128MB de RAM, vale a pena investir um pouco e colocar 256MB (ou mais, é claro!)...

Ainda em relação à performance, o Flight Simulator 2002 tem algumas coisas interessantes que merecem ser destacadas. Uma delas foi que a Microsoft aumentou a gama de configurações de vídeo, fazendo com os usuários possam ter muito mais opções para configurar o simulador e ter maior frame rate. As opções de densidade de cenários, densidade do tráfego dinâmico, qualidade das texturas, qualidade das luzes, texturas das aeronaves, entre outras estão mais amplas e portanto abrem um campo maior para que o usuário vá ajustando-as até achar o ponto perfeito para o seu sistema. Outro item que poderá ser notado pelo piloto logo no primeiro contato com o FS2002 diz respeito à fluidez do vôo. No FS2000, algumas vezes mesmo com frame rates de 30 ou 40, podíamos perceber uma espécie de "gaguejamento" na imagem. Assim como percebíamos uma variação muito grande do frame (de 20 baixava pra 0, e depois pra 20 de novo). O vôo não fluía liso, principalmente quando comparados a outros simuladores como o X-Plane. No FS2002 isso foi melhorado. Isso quer dizer que uma taxa de frame rate de 10fps no FS2002 é muito mais suave que a mesma taxa no FS2000, além dela não ficar variando exageradamente (varia, no máximo, em 2 ou 3 frames).

ALGUMAS DIFERENÇAS ENTRE A VERSÃO PROFESSIONAL E A STANDARD

Muitas destas diferenças já foram citadas ao longo desta matéria. Segue um resumo das principais características da versão Professional em comparação com a Standard.

* O Beech Baron, Beech King Air, Cessna Grand Caravan, Mooney Bravo existem somente na versão Professional.
* Somente a versão Professional tem o módulo "flight instructor" (instrutor de vôo).
* No Brasil, a versão Professional custa em torno de 160 reais; a versão Standard custa 100 reais (em média).
* A ferramenta de modelagem 3D gMax, da Discreet, está disponível somente na versão PRO.
* Ambas as versões são encontradas somente em inglês.

CONCLUSÕES

O Flight Simulator 2002 é, sem a menor sombra de dúvida, muito superior às suas versões anteriores (FS2000 e FS98). Como você pôde observar ao longo da matéria, apesar dos problemas que ainda existem, o novo simulador da Microsoft cumpre com o objetivo de entreter e ao mesmo tempo ensinar e proporcionar aos pilotos "de fim de semana" a maravilhosa sensação de voar.

Para finalizar, gostaríamos de dizer que o nosso intuito com este review foi fazer uma análise geral do Flight Simulator 2002. Muitos detalhes podem ter sido esquecidos, mas acreditem que tudo, ou quase tudo que observamos nesses dias voando no FS2002 foram aqui inseridos. Desde pequenos detalhes, até outros mais importantes. E acreditamos que o objetivo foi cumprido. Caso você tenha alguma dúvida ou comentário a fazer, envie uma mensagem para nós ou utilize o nosso Fórum de Mensagens (clicando em FORUM, no menu superior).


FS2002
Boeing 737-400 Pacific (59kb)
 
FS2002
Cessna Caravan decolando da água (48kb)
FS2002
Sidney, Austrália (54kb)
 
FS2002
Rio Paraíba do Sul, Rio de Janeiro (71kb)
FS2002
Cessna 172 - Suiça (101kb)
 
FS2002
Extra 300 - detalhe da fumaça (85kb)


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Sistema utilizado: Athlon 1.2Ghz, 256MB RAM, GeForce2 MX200 32MB (DetonatorXP 23.11), Windows XP PRO.
Colaboração: WANTHUYR FILHO.